Por que atividade física para o deficiente?

A atividade física, compreendendo a realizada sob a forma de movimento contínuos ou intermitentes ,visando melhorias específicas e localizadas , seja na intensidade que for realizada: fraca , moderada ou de grande exigência -se respeitados os critérios de individualidade que são próprios de cada um de nós, contribuirá sempre efetivamente na reabilitação de qualquer tipo de deficiência que conhecemos.

Isto ocorre a partir do momento que ativamos a circulação, estimulamos os músculos (através do aumento do VO²), evitamos o acúmulo de gordura localizada, através da queima da mesma no ciclo energético, equilibramos o eixo glandular do tálamo, hipotálamo, gônadas, supra-renal, etc. Melhorando a habilidade para coordenar movimentos, estando mais rápido ágil e flexível. (NETTO,GONZALES,p.13.1996)

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sábado, 5 de junho de 2010

Orientações Metodológicas - Deficiência Física

Alguns cuidados são necessários quando se trabalha com pessoas com deficiência física. Por serem diversas as causas e seqüelas motoras, os cuidados vão desde uma simples adaptação das atividades até a utilização de recursos sofisticados no auxílio de sua locomoção. Dessa forma, devemos observar a necessidade do indivíduo e orientá-lo adequadamente.

Algo para não ser esquecido, apesar de soar redundante, é o fato de que todas as pessoas, deficientes ou não, passarão pelas fases de bebê, criança, adolescente, jovem, adulto e idoso. Trate-as respeitando suas diferenças.



Pessoas com Amputação

É recomendado que a pessoa com amputação fortaleça a musculatura do coto, pois esse reforço é necessário no uso de prótese. Exercícios que promovam o fortalecimento, como flexão e extensão, seja nas aulas de Educação Física, quando possível, ou dirigidos pelo fisioterapeuta, irão auxiliar na adaptação da prótese e fazer com que o amputado lide melhor com a dor fantasma e tenha melhor percepção e consciência da inexistência daquele membro.

A prótese dos membros inferiores deve ser regularmente ajustada, para garantir estabilidade ao corpo e evitar desvios posturais, principalmente para crianças e jovens.

Atividades que exijam equilíbrio são importantes para pessoas com amputação unilateral, pois sua base de apoio está modificada. É necessária uma reorganização do equilíbrio e reaprender a caminhar sem uma perna ou com o uso da prótese.

Atletismo, natação, voleibol e futebol são alguns esportes oficiais adaptados dos quais uma pessoa amputada pode participar. O professor deve explorar ao máximo essas possibilidades com os alunos, pois isso, além de promover seu bem-estar físico, proporciona um objetivo, uma meta a ser atingida.
O amputado preserva suas funções fisiológicas normais, sendo assim não precisa de cuidados específicos nesse aspecto.



Pessoas com Distrofia

Pessoas com distrofias vão sofrendo a degeneração progressiva do tecido muscular, medular ou ósseo, muitas vezes de forma irreversível, não havendo tratamento nem atividade física para amenizar esse processo. No entanto, é possível auxiliar essas pessoas para que tenham uma melhor qualidade de vida.

Para elas, atividades físicas e recreativas em geral são indicadas enquanto houver possibilidade de realização.

Quando a musculatura está comprometida, os movimentos estabilizadores do corpo sofrem alterações. Para minimizar esses efeitos, os exercícios de estabilização são recomendados, como caminhadas e giros. Atividades realizadas na água podem auxiliar no estímulo respiratório e motor.



Pessoas com Lesão no SNC

Como visto anteriormente, lesões no SNC podem ter sido causadas por Pc ou por traumatismo crânio-encefálico, afetando o sistema motor e sensorial. Tem-se como conseqüência desde a afasia até comportamento social e emocional alterados, ocorrendo distúrbios nos movimentos.

Levando-se em conta a maneira como essas lesões afetam os indivíduos, todas as atividades recreativas e esportivas possíveis e adaptáveis devem ser oferecidas, sendo indicadas aquelas de consciência corporal, em que são trabalhadas as dimensões espaciais do corpo, a lateralidade, a discriminação esquerda/ direita e a dominância lateral.
A criança e o jovem com PC devem ter sua consciência corporal estimulada, inclusive no nível da cinesfera. Brincadeiras que exploram direções e orientação espacial são indicadas para o desenvolvimento pleno da consciência corporal. Através do esporte e da recreação pode-se conseguir respostas motoras surpreendentes.

Como as lesões podem comprometer o sistema corporal, é de suma importância trabalhar com tarefas que estimulem o desenvolvimento da consciência corporal, como aquelas que envolvem discriminação entre esquerda e direita, dominância lateral, consciência das partes do corpo, orientação espacial, direcionalidade e percepção do próprio controle motor. Essas pessoas podem apresentar facilmente perda de equilíbrio, portanto, atividades que desenvolvam essa habilidade devem ser amplamente utilizadas.
Atividades de motricidade ampla têm resultados melhores do que as de exigência da motricidade fina, embora devamos utilizar todas.

As tarefas relacionadas à imagem corporal, percepção sensitiva e cognitiva do corpo também são indicadas.

Atividades aquáticas são de grande valia para as crianças com PC, pois nesse meio podem encontrar autonomia na locomoção, não necessitando cadeira de rodas, muletas ou apoios, que serão substituídos por materiais de ensino-aprendizagem, como flutuadores e pranchas.

O indivíduo com PC apresenta, muitas vezes, comprometimento da fala, o que pode acarretar uma comunicação truncada, que exige paciência do profissional para lidar com esse público.

Espaços físicos amplos e seguros, como forma de prevenção de possíveis acidentes, são aconselhados para atividades com crianças com lesão cerebral ou com paralisia cerebral.

As lesões do SNC podem ter origem medular, tais como seqüelas de poliomielite, lesões na medula cervical, lesões torácicas, dentre outras. Dependendo do acometimento acarretado pela doença, pessoas com seqüelas de poliomielite podem realizar exercícios, com o objetivo de quebrar as tensões, explorar e desenvolver o esquema corporal, melhorando o sedentarismo e amenizando as seqüelas secundárias.

Existem variadas atividades esportivas adequadas à pessoa com paraplegia, cadeirante ou não, como o basquete em cadeira de rodas e a natação.

Para os paraplégicos também são recomendadas atividades de alongamento de toda a musculatura, mesmo da afetada, observando-se a limitação da musculatura. Os exercícios de reforço muscular são indicados para essa população, já que os músculos superiores são sobrecarregados durante a locomoção com cadeira de rodas, com a transferência de função dos membros inferiores para os superiores. O reforço da musculatura do tronco é importante para que o indivíduo paraplégico possa usar a musculatura remanescente na estabilização do corpo, por isso atividades de equilíbrio do tronco, como pegar uma bola afastada do corpo, são importantes.

Os tetraplégicos, obviamente, apresentam grandes limitações para a realização de atividades físicas, pois os quatro membros estão comprometidos. No entanto, quando auxiliados, podem realizá-las. Por exemplo, atividades na água usando flutuadores nos membros e atividades recreativas como boliche, utilizando a cabeça para movimentar a bola.

O profissional de Educação Física, além de preparar as atividades e ministrá-las aos alunos, tem a responsabilidade de auxiliá-los no cuidado do corpo, principalmente em relação aos membros sem sensibilidade e movimento. Por exemplo, se a perna do aluno se deslocar do apoio da cadeira de rodas, o professor deverá alertá-lo, pois o aluno não sente e não movimenta aquele membro, podendo bater o pé e até mesmo machucá-lo, sem manifestar sensação alguma. O professor deverá também estar atento às feridas, chamadas escaras, causadas pelo contato excessivo do corpo com estruturas sólidas. Os alunos que apresentarem esse tipo de ferimento devem usar proteção na região afetada e, eventualmente, não poderão realizar as aulas de Educação Física.

Nos casos em que o aluno tem haste na coluna, o instrutor deverá ter enorme cuidado nos movimentos que exijam flexão, extensão e rotação do tronco, impactos nas costas e quedas.
Com cadeirantes, explore todos os movimentos possíveis, como giros, empinagem, recepção de bolas de diferentes alturas e distâncias. Use as técnicas de orientação do aluno para auxiliá-lo na sua mobilidade.

A orientação do profissional para que os alunos evitem impactos violentos durante as atividades deverá ser feita sempre, principalmente nos jogos de competição. Por outro lado, o professor deverá explorar a criatividade. Quanto mais diversificação dos jogos, mais habilidade a criança terá.

Não espere que um cadeirante recém-chegado ao grupo faça tudo aquilo que é proposto em apenas um dia. Muitas vezes ele tem receios, e é necessário que perceba que tem o apoio do professor.

A maior dificuldade que o cadeirante enfrenta nos primeiros dias de atividade física é o medo de cair. Muitas vezes, seu traumatismo advém de uma queda, o que ocasiona resistência para a realização de atividades vigorosas.

Tendo isso em mente, inicie exigindo o que ele certamente conseguirá realizar, e aumente o grau de exigência gradativamente. Depois que estiver bem treinado, certamente ele se sentirá mais seguro para superar as dificuldades que possa encontrar. Por exemplo, se acontecer uma queda, estará preparado para não considerá-la grave, conseguindo subir na cadeira de rodas com bastante habilidade.

Nas aulas, oriente seu aluno sobre como cair e levantar corretamente. Muitas vezes esse é o seu maior medo, o que pode inibi-lo no momento de realizar as tarefas propostas.

Uma criança com deficiência física congênita irá desenvolver padrões motores básicos e específicos, de acordo com sua capacidade motora. Muitas vezes, por si só ela descobrirá um vocabulário específico que lhe dará a autonomia necessária para uma vida plena, desde que ela tenha a liberdade para criar seu próprio repertório de movimentos a partir de suas limitações. Se as pessoas de seu convívio aceitarem-na tal qual é, ao mesmo tempo em que a estimularem para que realize as mesmas coisas que outras crianças, ainda que à sua maneira, do seu jeito de caminhar, do seu jeito de correr e de saltar, ela se sentirá capaz de realizar as tarefas motoras, apesar de seu comprometimento. Em decorrência, terá uma auto-aceitação muito maior, que se refletirá nas suas conquistas futuras.

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